terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Mundos e fundos.


Já brinquei de criar mundos na minha cabeça. O problema é que, como cheques borrachudos, eles não têm fundos. Nem fundamentos.
Esperança é uma palavra bonita. É mesmo? Como qualquer vocábulo, depois de repetido mentalmente uma série de vezes, ele também soa estranho.
Esperança. Esperança. Esperança. Esperança. Es-pe-ran-ça.
Parece uma espera que não acaba; como alguém que anda o dia todo sem chegar a lugar algum: uma andança. Algo que cansa. Uma hora cansa: de andar e de esperar.
Criar mundos na cabeça, castelos de areia e afeto no coração e roteiros de um filme gravado na vida, decupado no dia-a-dia, é uma esperança só. Esperança de que os mundos se concretizem, de que os castelos não se desmoronem e de que os atores da sua preciosa película sigam a risca os comandos da mão firme do diretor.
Mas a vida é um documentário e você não está sentado do lado de trás da câmera ou muito menos de frente pra tela. Nem diretor, nem espectador: esse filme é sobre você. E se você continuar nessa esperança vai ser um filme chato pra cacete.
Parei de brincar de criar mundos na minha cabeça. Comecei a criar mundos e fundos fora dela. E esses sim, têm fundamentos.





Compartilhe:    Facebook Twitter Google+
Leia Mais

sábado, 23 de fevereiro de 2013

É a vida.



Encontraram-se por acaso. Era noite: uma festa. Aniversário? Batismo? Chá-de-panela, despedida de solteiro, formatura, baile de debutante? Não sei, desimportante...

Havia luzes, gelo seco e música ao vivo. O “barzinho e violão” de sempre com o sapato velho de Roupa Nova e Engenheiros do Hawaii que eram garotos como eu apesar de ter nascido há 10 mil anos atrás.

_Fulano! Que surpresa você por aqui!

Sorriso na boca, tédio nos olhos.

_Cicrano! Não imaginava te ver aqui!

Óbvia simpatia forçada.

O papo chato de sempre: O trabalho, a temperatura, o tempo, o tempo...

Fim de festa. Um para um lado, o outro para outro. Cada coisa em seu lugar.

O que fica ao fim da noite? O que resta na manhã com sobras de cerveja e bolo de pêssego? O encontro de dois desencontrados. Sufocados lobos solitários forçados à convivência dos laços de amizade e sangue. Entediados por interpretar o papel de um ser social. Se surpreendem ao encontrar um ao outro interpretando o papel de quem está confortável ao interpretar papéis.

É a vida.
Compartilhe:    Facebook Twitter Google+
Leia Mais